
Snakes on a motherfucking plane...
Eu estava errado, vocês estavam todos certos! Mea culpa, mea culpa, mea culpa... Primeiro que tudo vamos deixar duas coisas bem claras: 1º Snakes on a Plane não tem um argumento, tem sim desculpas para vermos cobras a matar pessoas num avião; 2º Eu estava totalmente alheado do conceito "Snakes on a Plane", que foi a principal razão para tão grande hype.
Ninguém me tinha avisado que este filme era uma comédia. A ideia com que eu tinha ficado era de que isto seria um thriller, que ia cometer o erro fatal de se levar demasiado a sério. Longe estava eu de imaginar que a sua grande virtude era fazer-nos rir às gargalhadas. E também não é só por o filme ser, de tão mau, bom. Não é uma coisa nem outra. É estritamente entretenimento. Snakes on crack, como Samuel L. Jackson descreve de uma forma hilariante no filme.
Ninguém está realmente interessado na história do filme, com um título como Snakes on a Plane só há mesmo duas coisas que interessam: Cobras (confere) e um avião (confere). O resto é paisagem, carne para canhão, é a luta pela morte mais hilariante e um apelo ao nosso lado mais sádico. Não temos pena de ver morrer quase ninguém porque os argumentistas fizeram questão de criar personagens o mais irritantes e estereotipadas possíveis. Temos sósias da Pamela Anderson, da Paris Hilton, um rapper americano que tem fobia de germes... Há acção, comédia, drama, suspense, romance, grandes arrepios na espinha só de olhar para as cobras... Tudo de uma forma desproporcionalmente e deliciosamente exagerada. Só ficamos mesmo com pena de que o filme acabe sem vermos, pelo menos, mais uma morte extrema. É um verdadeiro festim para encher os olhos, numa era em que já nem os Blockbusters se mantéem fieis ao conceito.
Snakes on a Plane falhou redondamente na bilheteira americana e eu consigo perceber porquê. Estamos tão fartos de ter as nossas expectativas defraudadas por filmes feitos em Hollywood, que já nem acreditamos no cinema como forma de diversão. Porque se pensarmos em filmes como a saga Scary Movie, o derivado Date Movie, Aeon Flux, Big Momma's House e suas sequelas, Freedomland (também com Samuel L. Jackson) ou Poseidon, isto apenas para citar alguns dos estreados este ano, é fácil perceber o descrédito a que a máquina de cinema americana se tem sujeitado. Este é um filme que acentua de tal forma os defeitos de todos os outros que referi, que acaba por se tornar uma crítica aos mesmos. Se há que fazê-lo mal, há que fazê-lo em grande. E Snakes on a Plane sai pela porta grande.
Que interessa o argumento, as boas interpretações, a coerência e o equilibrio, quando podemos fazer o público apreciar a sua ida ao cinema? Temos uma viagem tão animada como aqueles passageiros ao ver este filme. Não nos rimos de Snakes on a Plane, rimo-nos ao lado de Snakes on a Plane.

 Etiquetas: Criticas |
e são mesmo as cobras :-)
bom banner!